quarta-feira, 7 de abril de 2010

Governos andam na contramão da história

Aquecimento global, fenômeno El Niño, seca na Amazônia, 45 dias de enxurradas em São Paulo, chuvas torrenciais durante todo o verão, secas nos reservatórios da Venezuela, levando um país rico em petróleo a racionar energia, onda de calor em toda a região sudeste, sensação térmica de 50 graus no Rio de Janeiro, degelo das montanhas do Himalaia, falta de gelo nas estações de esqui na Suíça, ciclone no Brasil: fenômenos que acontecem porque a espécie humana insiste em destruir a natureza, que a tolera por um capricho.

O último encontro das autoridades mundiais para o clima em Copenhague não deu em nada. Os ditos líderes mundiais frustraram praticamente todos os líderes dos países pobres e emergentes, que sãos os que mais sofrem com o aquecimento global. A indústria automobilística continua produzindo carros em grande escala, a indústria do petróleo se revigorou nos últimos anos principalmente no Brasil com a descoberta do pré sal. Toda a Amazônia continua sendo desmatada para satisfazer a cobiça dos madeireiros e das multinacionais. Os investimentos em projetos de desenvolvimentos não levam em conta a educação ambiental. Não se exige das empresas contrapartidas ambientais nos projetos onde o meio ambiente é afetado. Não há estímulos para os transportes sobre duas rodas, nem por parte do governo, nem das empresas.

Quanto ao poder público este deveria priorizar a construção de ciclovias nas cidades; além de desestimular o uso do carro, diminuiria a emissão de carbono na atmosfera. Outra vantagem seria a melhoria das condições de saúde, principalmente cardíaca, dos praticantes dessa modalidade de transporte. Há um evidente preconceito com as bicicletas, principalmente porque este tipo de transporte está associado aos pobres e miseráveis; ter uma bicicleta não dá status; este está ligado aos carrões e os carrões estão associados à prosperidade econômica.

Certa vez, levei meu carro para uma manutenção que durou uns três dias. Durante este período, servi-me de minha bicicleta para transitar pelo meu bairro onde tenho minha clínica. Por diversos momentos fui abordado por várias pessoas com a seguinte expressão:

─ De bicicleta Doutor Pedro!

Olha que não foram poucas. Há um consenso entre as pessoas do povão que um doutor não pode andar de bicicleta. Na mente do povão está impregnada a idéia do doutor ter um carrão, jamais andar de bicicleta. Claro que a mídia contribui muito para esta concepção, pois vende carros com belas mulheres, belas casas e os associa à prosperidade econômica. Por sua vez os carros pagam mais impostos, empregam mais trabalhadores, consomem insanamente combustíveis, ou seja, sustenta uma gigantesca indústria petrolífera, dá mais lucro aos governos nos seus diversos níveis.

Como mudaremos essa mentalidade? Como mudar esta lógica perversa do capital em que o lucro está acima do bem estar da raça humana? Como mudar a mentalidade dos governos no sentido de refletir sobre o futuro das próximas gerações? Hoje possuímos uma gigantesca rede de comunicação que nos permite levar educação e informações com uma rapidez jamais vista pelos seres humanos. As ferramentas existem, é só utilizá-las. Mas, a mais importante das transformações é a plena consciência de cada um de nós. Cada cidadão, cada grupo social, cada cidade, cada estado, todas as nações. É a espécie humana em busca da sua sobrevivência, é a busca da verdadeira eternidade.

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