quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Uma revolução silenciosa na clínica de pequenos animais

Em pleno começo do século 21, a clínica de pequenos animais, embora tenha tido muitos avanços, ainda padece de muitos males decorrentes do subdesenvolvimento do nosso país.
Na década de 70, nos grandes centros urbanos surgiram algumas clínicas, que deram início aos modernos tratamentos clínicos e cirúrgicos que conhecemos hoje na clínica veterinária. Evidentemente muitas universidades deram imensas contribuições: técnicas modernas, literatura atualizada, cursos de mestrado e doutorado, congressos nacionais e internacionais, etc. Muitos profissionais indo ao exterior se especializar, foram aos poucos contribuindo para a moderna medicina veterinária que temos hoje. No início da década de 90, houve uma explosão de faculdades de medicina veterinária. Além das públicas existentes, surgiram as particulares, que de certa maneira foram mais condescendentes com estudantes de duvidoso preparo que encontraram certa facilidade em matricular-se nelas, contando inclusive com facilidade no processo de transferência de uma para outra. Somente no Estado do Rio de Janeiro um estado pequeno, durante a década de 90 até 2000 foram autorizadas a funcionar mais de 10 faculdades.
Embora constatemos um grande avanço no aspecto tecnológico na clínica de pequenos animais, verificamos que o ensino caiu muito em qualidade, não só nas particulares, mas também nas públicas. Assistimos à uma verdadeira explosão de pet shops com pequenos consultórios onde muitos profissionais são submetidos a horas de trabalho na maioria das vezes dando orientaçãozinha para compradores de ração e outros produtos, mas sem valor agregado aos seus proventos. A medicina veterinária popularizou-se; todas as camadas da população passaram a ter acesso a produtos e serviços veterinários, entretanto, os profissionais oriundos das faculdades, premidos pela urgente necessidade em produzir renda não dão continuidade aos estudos e às atualizações, gerando profissionais com pouca ou nenhuma experiência. Isso coloca em risco não só a vida de muitos pacientes que procuram nossos serviços, como deprecia nossa profissão, fazendo com que a população fique em retaguarda e passe a nos enxergar com certa desconfiança.
Já faz tempo que o veterinário do faz tudo vem desaparecendo. As doenças nos animais sempre foram e sempre serão de uma complexidade muito grande, mormente quando os diagnósticos começaram a ser mais precisos e confiáveis, consequentemente também o tratamento se tornou complexo. A imagem do cliente mal informado, sem consciência do que é a verdadeira medicina veterinária que chega num balcão de pet shop ou casa de ração e consegue uma consulta virtual, telepática levando uma receita ou mesmo os medicamentos, precisa desaparecer do nosso convívio diário.
O avanço da medicina veterinária contribuiu para um padrão de comportamento mais elevado entre os profissionais. O desenvolvimento das especialidades deu uma enorme contribuição. A interdependência entre os profissionais fez-nos mais cordiais e mais éticos, forçando-nos a discutir casos clínicos com outros colegas, a comparar resultados e a encaminhar pacientes a outros profissionais mais capacitados. Como a ética em nossa classe evoluiu! Demos um salto de qualidade nos diagnósticos laboratoriais e por imagem, nos tratamentos cirúrgicos, nas diversas especialidades clínicas, tais como: ortopedia, fisioterapia, acupuntura, endocrinologia, dermatologia, cardiologia, neurologia. Na parte de higiene e embelezamento como avançamos; bem como na psicologia compreendendo as doenças psicogênicas e melhorando o comportamento animal. Contamos com diversos cursos de atualização e especialização, palestras de educação continuada oferecidas por diversas entidades, congressos nacionais e internacionais.
Num mundo globalizado, competitivo, com informações velozes, onde a internet é a maior aliada do povo, não haverá mais espaços para amadores. Temos que ser extremamente profissionais. Essa é a exigência do mercado.
O profissional que não estiver em perfeita sintonia com tudo que está ocorrendo entre nós em termos de avanços, quem não entender os modernos instrumentos tecnológicos colocados à nossa disposição, quem não pautar seu trabalho nos princípios do conhecimento, qualidade, eficiência, transparência e bom atendimento ao cliente, estará inexoravelmente fora do mercado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário